Rhodes Magazine [RM] - Quando iniciou o seu percurso enquanto empreendedor?
Criei o meu primeiro negócio em 2005, na altura com 19 anos de idade. Era uma loja de informática que vendia também com E-Commerce na internet. Sai do negócio em 2007 e dediquei-me a tempo integral ao Marketing Digital.
RM - Defina, nesta área, os seus 3 principais atributos e os seus 3 principais defeitos?
Acredito sinceramente que como atributos tenho o foco, a criatividade e a ambição. Como defeitos sem dúvida a teimosia, a gestão e a disciplina.
RM - Como tem encarado o atual estado de emergência, decorrente da pandemia COVID-19, e que impacto o mesmo está a ter na sua atividade?
Felizmente estamos numa área onde o COVID-19 não foi preponderante na diminuição do nosso fluxo de trabalho, antes pelo contrário. Esta fase tem sido de imenso trabalho e sobretudo uma fase para ajudar os nossos clientes a darem a volta por cima.
Algumas áreas serão manifestamente afetadas pela crise económica, nomeadamente o turismo, hotelaria e restauração, pelo que é importante munir essas pessoas de estratégias para utilizarem o digital para reerguer os seus negócios.
RM - Acredita que pelo momento que atravessamos, haverá um fortalecimento no investimento das empresas, dos diversos setores, em marketing digital?
Acredito que esta situação da pandemia abriu uma porta importante para a importância do digital nas empresas. Muitas nunca deram a devida atenção às suas redes sociais, ao seu site, etc. E quando a quarentena obrigatória surge, muitas delas percebem que aquele era o único caminho, mas que infelizmente tinha sido descurado.
Ainda assim, acredito que muitas empresas olharam para o digital de outra forma e que a partir de agora terão uma outra postura relativamente à importância de ter uma boa presença digital e sinceramente, quero acreditar que uma boa parte delas vai investir bastante nesta área no futuro.
RM - Como divide o seu dia enquanto COO da Agência Get Digital e empreendedor ativo na promoção de ferramentas e estratégias de marketing digital?
Tento coordenar tudo, o que nem sempre é fácil. A agência e todos os seus clientes requerem muito tempo e dedicação, principalmente na definição estratégica do que faz maior ou menor sentido para esses mesmos clientes. Nem sempre tenho o tempo que desejo para criar os conteúdos que preciso.
A minha marca pessoal é gerida de uma forma bastante ativa e logicamente, não fosse a minha equipa da agência, não teríamos tanta coisa publicada certamente. É uma gestão nem sempre equilibrada, mas que tem dado os seus frutos.
RM - Quais são os principais desafios da Agência Get Digital, já tento em consideração o atual contexto e o que resta do ano de 2020?
Nós hoje estamos muito focados em atrair bons clientes e que olhem para o digital como uma maratona, não como um sprint. Acredito que até ao final do ano teremos imenso trabalho pela frente na reestruturação das ofertas dos nossos clientes e a adaptação ao atual cenário em que vivemos.
Como desafio temos essencialmente o crescimento sustentado da empresa e a reestruturação da nossa própria oferta de produtos e serviços. Uma vez que realizamos inúmeras formações presenciais e eventos, isso irá obrigar-nos (já está a obrigar) a reestruturar por completo o nosso calendário e até a trazer alguns desses produtos e serviços para venda exclusiva na internet.
RM - Sabemos que é o autor de um dos livros mais procurados, em Portugal, na área de marketing digital. Como surgiu este projeto e planeia dar continuidade com novas edições?
O livro era um sonho antigo que fui adiando até encontrar a editora certa para o efeito. Quando surgiu a oportunidade, decidi agarrá-la verdadeiramente e tirar o máximo partido dela, criando um livro que eu próprio gostaria de ter lido quando comecei. Foi essa a minha motivação. Tenho planeado atualizar o livro e lançar novos livros nesta área. Acredito que falta muita literatura de qualidade em português na área do marketing digital e a realidade é que tanto as empresas, quanto os profissionais, estão carentes dessa informação. A internet infelizmente, para o bom e para o mau, tem demasiados conteúdos que ora dizem uma coisa e defendem um ponto de vista, ou dizem outra coisa e defendem outro ponto de vista. A falta de normalização torna o processo bem complexo para a grande maioria das pessoas, que tende a ter dificuldade em discernir entre o que é melhor ou pior para os seus negócios.
RM - Verificamos que para além de Portugal, comunica ativamente com o mercado Brasileiro. Quais são as principais diferenças destes dois mercados, no que toca ao desenvolvimento de marketing digital?
O Brasil está bastante mais evoluído que Portugal quando falamos de marketing digital. Costumo dizer que o Brasil está 4-5 anos avançado em relação aquilo que são as práticas de marketing digital em Portugal, muito por culpa da influência dos Estados Unidos.
Temos muito a aprender com o Brasil nesta área e acredito que os empreendedores portugueses deveriam prestar maior atenção aquilo que se passa do outro lado do atlântico. Os brasileiros são de fato um caso de estudo quando falamos de redes sociais e marketing digital.
RM - Perspetiva expandir a sua atividade para outros mercados, para além do Brasil?
Sim, temos planeado fazê-lo e inclusive estava no planeamento deste ano, mas tendo em conta a situação da pandemia, tivemos de adiar esse plano, possivelmente para 2021. Neste momento é incerto de quando teremos condições para fazê-lo bem feito e preferimos adiar, mesmo que sem data definida para o efeito.
RM - Que conselhos daria a um jovem empreendedor que planeia iniciar agora o seu negócio?
Aquilo que distingue um bom empreendedor, de um mau empreendedor, é essencialmente a sua capacidade de persistir durante as adversidades. A persistência, resiliência e capacidade de trabalho são fatores de vantagem competitiva quando falamos de negócios.
E logicamente, ter um espírito aberto à experimentação. Ter capacidade de experimentar coisas novas, abordagens novas e depois medir os resultados é fundamental para que o negócio se adapte o mais rapidamente possível às mudanças naturais do mercado.