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Opinião
SAÚDE
04/10/16
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Hugo Sanches é especializado em saúde mental e psiquiatria e mestre em enfermagem de saúde mental e psiquiatria pela Escola Superior de Saúde de Leiria desde 2012. Para ele a luta continua no serviço de Psiquiatria da Unidade Local de Saúde de Castelo Branco. 

A situação de saúde tangente em Alepo

Alepo é uma cidade síria atravessada pelo rio Quweq, terá tido aproximadamente cinco milhões de habitantes. Hoje grande parte dos que lá ficaram (fala-se em dois milhões) não têm água potável ou saneamento básico. Outrora foi lá que surgiu o famigerado Sabão de Marselha que foi Sabão de Alepo originalmente. Desenganem-se os que pensam que se trata de mais uma cidade no meio do deserto. Durante séculos Alepo foi fundamentalmente uma cidade moderna a nível cultural e económico no médio oriente. Porém atualmente é uma cidade em ruínas, assombrada pelos bombardeamentos constantes. Muito bem: isto já sabemos.
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Então qual será a qualidade de vida de quem lá vive? Estarão sãos ou estarão doentes? As comunidades e associações pacifistas estão ou não estão interessadas nesta situação limite da dignidade humana? O que estão a fazer para ajudar?
Estas questões embora pertinentes são de todo retóricas pois a sensatez leva-nos a concluir a pior das hipóteses.
Segundo premissas da Organização Mundial de Saúde (OMS) ter saúde é possuir um bem-estar geral e deverá o individuo viver verdadeiramente bem na sua forma física, mental e social.

Pronto, parece-me que a questão está respondida. Assim vou cingir-me apenas à questão primordial: a água potável.
O saneamento básico é um dos pilares da saúde pública sendo que a água não potável poderá ser portadora de vírus, bactérias ou sedimentos tóxicos dos solos. Vírus e bactérias sempre houveram. No entanto o mundo moderno evoluiu de forma brilhante com as suas industrias nem sempre inócuas e os solos receberam directa e indirectamente os resultados nefastos desse progresso reconhecidamente necessário. Então as águas límpidas dos cursos de água começaram a escassear. Assim, surgiu a necessidade de repurificar a água visto que este bem é tão precioso para a população em geral. Só que nem todos os países evoluíram proporcionalmente a nível de saneamento básico tal como o fizeram industrialmente. Mesmo assim a Síria é um dos países que tem aproximadamente 90% da população abrangida pelo saneamento básico segundo o que a OMS constatou publicamente em meados da última década. Países como México, Rússia ou Turquia têm níveis de saneamento básico semelhantes nessa mesma análise.

Provavelmente neste preciso momento milhares sofrem em Alepo devido à escassez de água própria para beber. O risco estará primeiro na sedimentação/poluição do solo e consequentemente das águas pelas deflagrações explosivas, pelos desmoronamentos de edifícios, decomposição de cadáveres, resíduos urbanos e pela acumulação de outros elementos nefastos. Se as pessoas não têm água na torneira de casa recorrerão a outros mananciais de água, provavelmente os naturais. E serão esses que estarão provavelmente contaminados. Para esta população o último reduto deverá ser ferver a água. Sim. Este processo provavelmente irá extinguir grande parte dos vírus e bactérias mas a ebulição incompleta não extinguirá grande parte dos químicos.

Nos dias de hoje já não se fazem guerras com balas de espingarda e os químicos dos explosivos altamente destrutivos serão muito dificilmente filtrados da água através de uma simples ebulição/fervura e o envenenamento progressivo da população será uma realidade.
Entretanto os mais atentos puderam ver em alguns jornais que camiões com mantimentos essenciais que iriam ajudar estas pessoas foram bombardeados antes de atingirem o seu destino. Quando vi esta notícia pensei imediatamente na cruel condenação total desta população. Parece que alguém não quer que sobrevivam. Em Alepo há crianças que se sobreviverem irão para sempre ser pessoas que cresceram no meio da guerra, da destruição, do luto, do ódio, da vingança…

Já se sabe que o Homem é esta espécie que se condena a si mesma. A mim resta-me condenar apenas estes atos.
Esperemos que amanhã a guerra acabe de uma vez por todas para que possa chegar alimentação e água potável a estas pessoas. Entretanto permaneçamos atentos. Permitam-me opinar que provavelmente competirá aos países das Nações Unidas (ONU) intervir sobre quem mata sem compaixão esta cidade. Talvez seja António Guterres, talvez não… é que andam todos muito atarefados pelos gabinetes porque há votações quase todos os dias e nunca mais se decidem… Talvez falte um candidato como Charlie Chaplin naquele discurso final e intemporal do inigualável filme The Great Dictator cuja eloquência ainda não se voltou a ver em nenhum grande líder desta nossa vida real... 
Talvez a água seja um daqueles bens que deverá estar acima de qualquer ideologia humana.
Uma coisa é certa, a escassez de água é a pior das prisões. A total antítese da liberdade humana. A água é vida e quem não a tem morre progressivamente.

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